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domingo, 17 de julho de 2011

Ne Me Quitte Pas

Não me abandone, é preciso esquecer, tudo se pode esquecer que já ficou pra trás. Esquecer o tempo dos mal-entendidos e o tempo perdido a querer saber como esquecer essas horas que às vezes mata a golpes de por quês, o coração de felicidade. Não me abandone. Eu te oferecerei pérolas de chuva vindas de países onde nunca chove. Eu escavarei a terra mesmo depois da morte, para cobrir teu corpo com ouro e luzes. Criarei um país onde o amor será rei, onde o amor será lei e você será a rainha. Não me abandone. Não me abandone, eu te Inventarei palavras absurdas que você compreenderá, te falarei daqueles amantes que viram de novo seus corações excitados. Eu te contarei a história daquele rei, que morreu porque não pôde te conhecer. Não me abandone. Quantas vezes não se reacendeu o fogo do antigo vulcão que julgávamos velho? Até há quem fale de terras queimadas a produzir mais trigo na melhor primavera, é quando a tarde cai, para que o céu se inflame, o vermelho e o negro não se misturam. Não me abandones, eu não vou mais chorar, não vou mais falar, me esconderei aqui só para te ver dançar e sorrir, para te ouvir cantar e rir. Deixa-me ser a sombra da tua sombra? A sombra da tua mão? A sombra do teu cão? Não me abandone. Não me abandone.

(Maria Gadu)
 

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