rascunhe

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Seria possível,

Alguém se enjoar de uma pessoa
como é possível se enjoar
de um objeto?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Então,

Então você acha que consegue distinguir o paraíso do inferno, céus azuis da dor? Você consegue distinguir um campo verde, de um frio trilho de aço? Um sorriso de um véu? Você acha que consegue distinguir? 

Fizeram você trocar seus heróis por fantasmas? Cinzas quentes por árvores?

Ar quente por uma brisa fria?Conforto frio por mudança?
Você trocou um papel de coadjuvante na guerra
Por um papel principal numa cela?

(Pink Floyd)

domingo, 18 de setembro de 2011



Eu só preciso de arranjar um tempo para poder regá-las dentro de mim, 
não posso deixá-las morrer.
Não mais. 

Que se você cair, tropeçar, eu te levantarei do chão.
Se você perder fé em você, eu te darei força pra sair dessa.
Se você cair, você sabe, eu estarei lá por você.
(Simple Plan - Save You)

Esta é a minha única voz,

Então quando der, pare para escutar. Minha voz tem se perdido em meio a multidão. Ninguém para para escutar, então espero que entenda que estou dizendo adeus. Alguém me perguntou por que eu estava sempre fugindo. É o que faço, o que posso fazer se não sou forte o suficiente? Espero que me entenda, é que "às vezes um adeus é uma segunda chance". Não estou chateada, mas meus olhos não conseguem enxergar mais nada. Estou cegada e calada pela multidão. São muitas pessoas, e eu não sou forte o suficiente para aguentar. Essa é a minha chance?
Nossos olhos se cruzaram e me perdi nos meus devaneios. Nunca conseguir ficar mais de cinco segundos perdida em seu olhar, porém o que eu mais queria era que você visse no fundo dos meus olhos tudo aquilo que nunca tive coragem de te dizer. Mas algo puxa meu rosto e eu não consigo te olhar direito. Falar então, nem pensar. Foge-me as palavras, o assunto se perde no ar e eu não consigo alcançá-lo. Então falo apenas o necessário e sorrio que nem uma boba. Sorrir. Apesar de tudo, é um defeito meu. Sorrio de tudo, e acabo fazendo papel de boba na frente de todos. Às vezes sorrio para não ficar séria, pois o que há aqui dentro nem sempre são flores, o que é o que parece. Falaram-me que coração quando está gostando de alguém é bobo, é tímido, fica sem graça. Estou desfrutando novamente desse sentimento, creio eu. Eu, que me prometi construir um muro, o cimento não segurou o suficiente e o tijolo era fraco. Odeio prometer algo que não posso cumprir. Mas não quer dizer que estou odiando amar. Aliás, estava me esquecendo do quanto nos faz bem. Estava me esquecendo até de amar a mim mesma. Voltando ao assunto, por mais que eu não consiga olhar em teus olhos, ou pronunciar alguma coisa, eu gosto de gostar de você.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Tempo que constrói,

Tempo que não destrói. 15 de outubro de 2011. Já se passaram 2 anos e 7 meses que cheguei aqui. Há 2 anos e 7 meses pensei que entraria por aquela porta e nunca faria amigos verdadeiros. Pensei que seria apenas estudo, e que meus amigos mesmo seriam apenas os de Bananal. Mas o tempo muda. Nos muda. Muda radicalmente. Perdi praticamente o contato com aqueles que jurava que estariam junto comigo para sempre. Fiz amigos e irmãos. Conheci pessoas maravilhosas. Sorri, chorei, tirei notas vermelhas, me diverti, não me importei, me importei demais, estudei demais, vagabundei demais, conversei demais. Fui eu mesma. Receberam-me de braços abertos. E o tempo me mostrou que eu estava em casa novamente. Mas o tempo é malandro. Ele nos dá pessoas, nos tira pessoas. E quando você para pra pensar o quanto aquelas pessoas significam pra você, o quanto você gosta delas e o quanto você as quer ao seu lado, o tempo começa a querer ser apressado. Agora, faltam 2 meses para terminarem as aulas. 2 meses apenas. E eu precisei de 2 anos e 7 meses para perceber o quanto sentirei falta daquela turma. Daquelas turmas. Daquela escola. Daqueles que já formaram. Como passou rápido. E mais uma vez, vou passar por aquilo tudo de novo, fim de ano, fim de turma, cada um vai seguir seu caminho. Espero que um dia, todos nós possamos nos reunir, para relembrarmos o quanto formos felizes nesse inferninho azul. Já estou até com saudades. Tempo, por favor, não passe tão depressa.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Testemunho

Eu fechei meus olhos, sabe. Estava achando tudo uma bobagem. Quem é esse Deus, pra fazer algo na minha vida? Abri meus olhos e todos ao meu redor estavam ajoelhados, ou deitados, ou falando numa língua que nunca ouvi na minha vida, ou tremendo, ou chorando e eu, nada. Que que ta acontecendo com esse pessoal maluco? Eu hein, pessoal que finge é uma coisa tão feia, tss. Mas aí de tanto olhar eu fiquei curiosa e queria também sentir o que estavam sentindo, só que eu não conseguia. Tá, será que agora vai? Vai. Nada. Por que não acontece nada? Do nada, apareceu uma menina do meu lado e me disse: "Abra seu coração, e deixa Ele entrar." Po, mas como fazer isso? Como vou abrir meu coração, como vou deixar alguém que nunca vi entrar? Tá, vamos tentar então. Deus, se é que você existe mesmo, apareça. Esperei. E esperei. Foi quando parei para escutar a música que estava tocando. A letra tão bonitinha. Concentrei-me apenas nela. Suspirei. E, não sei como, deixei minha mente fazia e pedi para aquele tal de Deus entrar. Epa, que isso? Senti meus pés queimarem. Não conseguia deixá-los no chão. Quanto mais pisava, mais ardia, e mais eu pisoteava. Foi quando senti alguém me segurando. E meu pé não parava de arder. Senti um aperto no peito. Acabei caindo. E meus pés continuavam a pisotear o chão. Sentia que haviam duas pessoas ao meu redor, para que eu não esbarrasse em ninguém. Foi quando alguém pegou minhas mãos com força e abri meus olhos. Não tinha ninguém as segurando, mas ainda podia sentir que estavam apertando com força. Deus, é você? "Sim, minha filha" Filha, ele me chamou de filha, depois de tudo que eu fiz. "Nunca desistirei de você". E soltou minhas mãos. E meus pés pararam de arder. Minha vida nunca mais foi a mesma depois daquele dia.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Vejo em seus olhos que há algo errado com o mundo que gira ao seu redor. Você não sabe o que é e tenta fugir, tenta encontrar um porquê. Uma resposta, um lugar, uma luz, tenta encontrar um momento de paz. Também passei pelos meus maus momentos, e sei como é difícil enfrentar. Ter que fingir e andar, mesmo sabendo, que não sabe aonde chegar. Sendo jogado de um lado pro outro. Um barco à deriva, sem leme, sem direção. Você não quer viver por viver..." (Fruto Sagrado)


Eu vejo em seus olhos caminhos sem rumo. Escuto em suas palavras confusão de quem você é. Sinto que você procura por respostas. Observo que você necessita de carinho. Percebo que você precisa de alguém que esteja ao seu lado para tudo. Pensa que está sozinho nessa. Acha que está na Terra apenas para sofrer. Acredita que não tem como enfrentar as pessoas. Também passei por isso. Eu já pensei em me matar. É sério. Eu jurava que nada valia a pena, que eu estaria aqui apenas para viver como a sociedade manda e depois morrer e deixar tudo pra trás, como se nada tivesse acontecido. As pessoas esquecem fácil, e eu achava que seria esquecida quando estivesse dentro de um caixão. Do que valeria estar aqui, se no final minha carne seria comida por vermes? Então, pra que viver? É, eu pensava assim. Pensava. Até quando alguém arrancou as escamas que não me faziam enxergar, tirou as ceras dos meus ouvidos para que eu pudesse escutar, ofereceu-me um coração de carne para que eu pudesse senti-lo, mostrou me a felicidade nas coisas mais simples. E o melhor, mostrou-me que nunca, nunca estarei sozinha nessa vida. E você nunca estará sozinho. Há sempre alguém do seu lado, é só você deixar que te tirem as escamas dos olhos. 

É sempre.

É sempre a mesma música, que me leva de volta pra casa. Do jeito que eu gosto, do aconchego que me envolve. É sempre o mesmo lugar, que me faz esquecer de todo o sofrimento, de toda angústia, de todas as mudanças. É sempre o mesmo labirinto que aparece em minha frente, e sempre a mesma saída. É sempre o mesmo veneno que desce pela garganta. Aonde está o antídoto? É sempre a mesma palavra, que me faz olhar para cima e agradecer pelo o que sou hoje. É sempre o mesmo assunto, e nunca há tédio. É sempre o mesmo olhar, e não enjoa. É sempre a mesma pessoa, que me faz perder as palavras pelo vento.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Foi quando ela pegou minha mão e disse:

"Eu acredito em você". Não precisei de mais nada.



Insetos Interiores



Notas de um observador:


Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega se de "mais tralos'.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, "infértebrados".
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se


A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.
Ele queria ver seu sorriso. Ela sempre sorria para ele. Ele queria colocar suas mãos sobre as dela. Ela queria abraçá-lo. Ele queria olhá-la a todo instante. Ela sempre disfarçava. Ele queria ficar mais perto dela. Ela queria pousar sua cabeça em seu ombro. Ele queria beijá-la. Ela queria sorrir quando seu nariz encostasse o dele. Ele queria dizer. Ela queria dizer. Ele não sabia como dizer, tinha medo. Ela tinha tudo na ponta da língua, mas nada saía. Ele tinha medo dela não gostar dele. Ela tinha medo de levar um fora. Apenas quatro palavras e seis sílabas que separavam dois corações necessitados de carinho.