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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fugindo,

Desse lugar, ela tenta encontrar um pouco de paz, mas as drogas sempre a faz voltar. Aquele pó que envolve suas narinas, que faz seu corpo se arrepiar e pedir sempre por mais, sempre a faz ficar. Aquele cigarro, que parece seu único amigo, que sempre está ali chorando suas angústias, que toca a sua boca suavemente, sempre a faz ficar. Aquela roupa, curta, grudada, mostrando a silhueta perfeita do seu corpo, todos os olhares somente para ela, sentindo-se assim desejada, o dinheiro sempre vindo fácil, a fazia ficar. Mas ela não queria mais aquilo, queria voltar a ter uma vida normal, mas sempre havia algo que a fazia ficar, que a fazia vibrar, e sempre desistia daquele querer. Até que alguém chamou seu nome, alguém do qual ela não podia ver, apenas ouvir e sentir. E aquela pessoa lhe trouxe a paz que queria, o amor que queria, a vida que queria. Ela sorriu, e foi correndo para os braços daquele homem, que a chamou, que lhe prometeu vida eterna ao seu lado, que lhe prometeu que ela iria se livrar de tudo que viveu. Mas ela parou no meio caminho, e ficou dividida, não sabia mais para onde ir. De um lado, o vício, o poder, a ganância, a luxúria. Do outro, o amor, a vida, a pureza, o sorriso. Passou a língua sobre os lábios e os mordeu. A sua vida já estava escrita, já sabia para onde iria quando morresse, e apesar de tudo, ela sempre ficava. Calçou sua lingerie, colocou um salto e um batom vermelho.

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