rascunhe

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tem marcas que nem o tempo cura,

Não dá para me lembrar bem, eu era apenas uma criança. Não me lembro de sua face, do seu jeito, do seu cheiro. Mas conseguiu deixar marcas no meu coração. Aquela cena ainda está viva em minha mente, e eu não tenho tanta certeza de que irei te perdoar um dia. Chegou em casa com os olhos vermelhos, cheirando a cerveja. Não foi falar comigo, e quando fui ao seu encontro deu um grito que me fez ir correndo para meu quarto. Depois a vi, tentando conversar com você, mas só escutei gritos, e mais gritos. Mas do nada, silêncio. Ouvi a porta se bater, e fui correndo para a janela para ver o que tinha acontecido. Simplesmente não acreditei naquela cena. Na verdade, não consigo acreditar nela até hoje. Eu te amava tanto, e o vi segurando-a e puxando-a pelos cabelos pela rua. Ela estava apenas com sua roupa íntima, e você nem ao menos se importou. Uma dor terrível invadiu o meu peito e minha vista se embaçou. No dia seguinte estávamos de malas prontas, iriamos embora. Nem ao menos nos despedimos, ainda estava atordoada. E, hoje, faltam poucos dias para eu ir à sua cidade, para visitar a família. Não sei se terei coragem o suficiente de te olhar nos olhos. Faz tanto tempo, tantos anos, eu sei, sei que já devia ter te perdoado, mas essa é a única lembrança de que tenho de você.


(O  texto é meu, porém não é a minha história) 

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